quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Lupi diz que Dilma pediu para ele continuar no governo


O ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi (PDT), afirmou nesta quinta-feira que a presidente Dilma Rousseff (PT) pediu que ele continuasse como auxiliar do governo federal. Lupi, que foi prestar explicações diretas à presidente nesta quarta, se negou a comentar no Senado o teor da conversa, mas resumiu: "lealdade tem que ser a marca e o princípio do ser humano. Tem que se guardar a confiança recíproca. Só vou me limitar a que ela pediu para que eu continuasse", garantiu.
Mais contido do que na última vez que prestou depoimento no Congresso Nacional, Carlos Lupi disse nesta quinta que não tem "relação pessoal" com o empresário Adair Meira, diretor de organizações não-governamentais (ONGs) que mantêm contratos com a pasta. Na última semana, o ministro, que dissera que só deixaria o cargo "abatido à bala", afirmou que "amava" a presidente Dilma Rousseff. "Estou tomando todo cuidado para segurar meu sangue italiano", justificou hoje.
Lupi retornou ao Senado após a divulgação de que ele teria mentido ao negar que viajara ao Maranhão a bordo de um avião providenciado pelo diretor de uma ONG que detém contratos milionários com o Ministério do Trabalho. A aeronave para que o ministro cumprisse agenda oficial em sete municípios maranhenses teria sido providenciada por Adair Meira, que controla ONGs com contratos de cerca de R$ 14 milhões com a pasta.
A mistura de interesses públicos e privados, como caronas fornecidas por empresários, é proibida pelo Código da Alta Administração Pública Federal, que reúne um conjunto de condutas éticas esperadas de agentes públicos. "A gente pode até entrar no carro de alguém que nos dá carona e não saber quem é. Quantos ministros, deputados, senadores podem ter usado carro, avião de quem não conhece? Meu erro foi não checar com a apuração que devia", disse. "Quem tem que explicar pagamento de aeronave não sou eu. Não tenho obrigação de saber. Não pedi a aeronave, não solicitei a aeronave. Vi um linchamento público durante cinco dias", argumentou o ministro.
Confrontado com a afirmação de pedetistas para que deixasse a pasta, Carlos Lupi pediu um voto de confiança e o direito de tentar provar sua inocência. "Sou daqueles que luta até o fim. Me dê o direito de eu mostrar à população que o que falam não corresponde à verdade", disse. O senador Pedro Taques (PDT-MT) chegou a fazer um apelo ao ministro: "o PDT deve se afastar porque nesse ministério não detém mais a confiança. A questão jurídica vai ser tratada a seu tempo, mas politicamente esses fatos são graves".
O depoimento de Carlos Lupi no Senado está sendo acompanhado por aliados, como o presidente exercício do PDT, André Figueiredo, pelo deputado Paulo Pereira da Silva, presidente da Força Sindical, e pelo deputado Weverton Rocha, ex-assessor do Ministério do Trabalho.

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